Bahia se posiciona como polo em minerais críticos e transição energética

Ferro verde, vidro solar livre de antimônio e novos projetos em cobre e níquel que reforçam o protagonismo do estado.

Bahia se posiciona como polo em minerais críticos e transição energética

A Bahia consolida cada vez mais sua posição como um dos principais polos brasileiros de minerais críticos e estratégicos, fundamentais para a transição energética e para o avanço das tecnologias de baixo carbono. Esse foi o tom do painel “Potencial Brasileiro para Minerais Críticos e Estratégicos”, que reuniu representantes de empresas, governo e especialistas do setor mineral para discutir o futuro da mineração sustentável e os novos vetores de desenvolvimento no estado.

O debate apresentou uma visão integrada do novo ciclo mineral baiano, que vai desde a produção do ferro verde (HBI) até a expansão em cobre e níquel, passando por inovações tecnológicas no vidro solar. O conjunto desses projetos revela uma estratégia que combina baixa emissão de carbono, geração de valor local e sinergia com o mercado global de energia limpa.

Um dos destaques foi o projeto Ferro Verde, da Brazil Iron, que propõe a produção de Hot Briquetted Iron (HBI) com saldo líquido zero de emissões de gases de efeito estufa. O produto — apelidado de “ferro verde” — é produzido a partir de minério de ferro de altíssima pureza encontrado em Piatã, Abaíra e Jussiape, na Chapada Diamantina. “Trata-se de um material que viabiliza a fabricação de aço sem o uso de carvão, usando energia renovável e reduzindo drasticamente as emissões”, ressaltou Emerson das Neves Souza, vice-presidente de Relações Institucionais da Brazil Iron.

Outro exemplo de inovação baiana veio da Homerun Resources, através de seu CEO Brian Leeners, que apresentou uma nova linha de vidro solar livre de antimônio, um metal tóxico e poluente comumente usado na indústria. A tecnologia, desenvolvida no Brasil, coloca o país entre os poucos do mundo capazes de fabricar vidro solar com baixo impacto ambiental e alto desempenho para o setor fotovoltaico. O produto atende à demanda crescente por materiais mais limpos na cadeia de energia renovável, reforçando o protagonismo da Bahia também na indústria de transformação.

Na cadeia de metais base, o avanço dos projetos de cobre e níquel também foi tema central. Alfredo Santana, COO da Vale Metais Básicos, disse que essas matérias-primas são consideradas essenciais para a eletrificação e armazenamento de energia, componentes indispensáveis de baterias, motores elétricos e sistemas de transmissão.

Empresas com atuação no estado anunciaram planos de expansão e novas prospecções, apoiadas pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), que vem investindo em pesquisa geológica e em parcerias para agregar valor aos recursos locais.

O presidente da CBPM, Antonio Caballal, destacou o papel do estado como laboratório natural da mineração de baixo carbono. “A Bahia tem condições únicas para liderar essa nova fase da mineração, unindo inovação tecnológica, sustentabilidade e desenvolvimento regional. Nosso foco é transformar conhecimento geológico em oportunidades econômicas para o povo baiano”, afirmou.

Os painelistas ressaltaram que o desafio agora é alinhar política mineral, infraestrutura e incentivos para atrair investimentos e transformar o potencial geológico em projetos consolidados. A interligação logística, especialmente com o corredor ferroviário e portuário da Fiol e do Porto Sul, foi apontada como um diferencial para viabilizar os empreendimentos e ampliar o alcance da produção baiana no mercado global.

Com o avanço simultâneo em ferro verde, vidro solar, cobre e níquel, a Bahia se firma como um território-síntese da transição energética brasileira — um estado que alia tradição mineradora, inovação tecnológica e compromisso ambiental. “Os minerais críticos não são apenas o futuro da mineração; são o futuro da economia limpa”, resumiu Carballal, sintetizando o espírito de um encontro que reforçou o papel estratégico da Bahia na nova geopolítica dos recursos minerais. (Mara Fornari).

Fonte da publicação: Bahia se posiciona como polo em minerais críticos e transição energética