Empresa adota correias movidas a energia renovável da mina à ferrovia para descarbonizar operação
Patrícia Aranha 31 Outubro 2025

A Brazil Iron já contratou soluções de tecnologia para seu projeto de pellet verde e HBI no município de Piatã, na Bahia, para reduzir e até eliminar a emissão de gases de efeito estufa. Uma delas vai permitir, por exemplo, dispensar o uso de caminhões no transporte de material entre a mina e a planta de beneficiamento.

Para isso, a empresa vai usar correias transportadoras alimentadas por dois tipos de energia renovável: solar e eólica.

O vice-presidente de Relações Institucionais da mineradora, Emerson Souza, afirma que pela extensão do empreendimento, será "o maior projeto de mineração sem a utilização de caminhões do Brasil". Estão previstos 16 quilômetros de correias de longa distância.

Como o projeto compreende duas cavas separadas, com "alguns quilômetros de distância entre elas", conta ele, todo material que sai de cada uma delas vai para a unidade de beneficiamento e depois para o ramal ferroviário, por meio de esteiras.

Souza se diz tranquilo em relação ao provisionamento de energia renovável, que é abundante na região.

"A Bahia tem uma produção muito larga tanto em energia eólica quanto solar. Temos um estudo de medição que mostra que a região onde vai ficar a planta, tem uma força dos ventos que fazem de lá o único lugar onshore com a mesma qualidade e força de offshore", afirmou o executivo.

Segundo ele, desde que a empresa começou a se instalar na região há oito anos, têm se multiplicado as usinas eólicas nas proximidades.

Uma outra solução tecnológica importada do exterior é a de cobrir as correias, evitando a dispersão de partículas na atmosfera. Além de serem cobertas, está prevista uma dispersão úmida sobre o material para não deixar esse particulado mais pesado. "A combinação dessa umidificação e da cobertura praticamente elimina qualquer dispersão para as comunidades e as plantações."

Sem barragens

O projeto será a seco, sem a necessidade de barragens de rejeitos. O vice-presidente conta que para cobrir as pilhas de rejeitos será aplicado um polímero especial biodegradável com o mesmo objetivo de evitar a dispersão de partículas.

Ele anuncia também uma quarta tecnologia, dessa vez importada da Alemanha, que permite uma recuperação da área minerada de forma mais rápida. "É o estado da arte de recuperação de terreno e de construção das pilhas de rejeito, que será feito por uma máquina gigantesca, de mais de 200 metros de comprimento". disse.

O equipamento permite fazer, ao mesmo tempo, a escavação em uma parte da mina e a recuperação do terreno na parte exaurida. "Dessa forma, não é preciso esperar 30 anos de vida útil de uma cava para poder recuperá-la", completou.

Além de esperar pelo licenciamento, o empreendimento na Bahia é alvo de uma ação coletiva no Reino Unido por danos ambientais e outros problemas a duas comunidades quilombolas. Em agosto, o Tribunal de Apelações da Inglaterra negou recurso da empresa que tentava anular decisão de 14 de março passado na qual a Justiça britânica aceitou julgar o caso.