Projeto pioneiro de HBI combina mineração de alta pureza, energia renovável e tecnologia Midrex.

Projeto pioneiro de HBI combina mineração de alta pureza, energia renovável e tecnologia Midrex.

Projeto pioneiro de HBI combina mineração de alta pureza, energia renovável e tecnologia Midrex.

O projeto Ferro Verde, da Brazil Iron, promete colocar a Bahia e o Brasil no mapa mundial da descarbonização da indústria siderúrgica. Com previsão de início de produção em 2030 e investimento já superior a R$ 1,7 bilhão em pesquisas, a iniciativa será a primeira no País a fabricar o Hot Briquetted Iron (HBI) — um produto conhecido como ferro verde — com saldo líquido zero de emissões de gases de efeito estufa.

“O Ferro Verde é um projeto de descarbonização. Ponto”, resume Emerson das Neves Souza, vice-presidente de Relações Institucionais da companhia. O HBI, explica, é um produto de altíssima pureza — no mínimo 93% de ferro — que pode substituir o minério tradicional na fabricação de aço sem uso de carvão, utilizando apenas fornos elétricos alimentados por energia renovável. O resultado é um processo limpo, eficiente e com custo viável. “Ele é verde pra trás e pra frente”, diz Emerson. “Pra trás, porque sua produção usa energia renovável; pra frente, porque ajuda a reduzir as emissões da siderurgia, que hoje respondem por 8% do CO₂ global”.

O caminho até essa inovação começou há oito anos, com a descoberta de jazidas de ferro de alta pureza na região de Piatã, Abaíra e Jussiape, na Chapada Diamantina. Esse tipo de minério é raro — apenas 3% das reservas mundiais possuem as características necessárias para a produção do HBI. A empresa enviou amostras à Alemanha e à Inglaterra para ensaios metalúrgicos e comprovou o potencial do material brasileiro.

O projeto prevê três plantas de beneficiamento: a primeira, localizada em Piatã, produzirá o pellet feed purificado; a segunda e a terceira, no entorno portuário baiano, farão as etapas finais de transformação até chegar ao briquete de ferro verde. A última unidade será construída com tecnologia licenciada da norte-americana Midrex, líder mundial na produção de HBI. “Vamos erguer aqui uma planta idêntica à mais avançada existente hoje no mundo”, afirma Emerson.

Com apoio dos governos federal e estadual, a Brazil Iron estima iniciar a implementação já em 2026. A meta é alcançar 5 milhões de toneladas anuais de HBI, o que representa uma fatia significativa da produção global — que, em 2024, somou apenas 25 milhões de toneladas.

Entre os principais desafios está a logística: as minas ficam a cerca de 550 quilômetros do porto. A empresa aposta na expansão da malha ferroviária baiana como solução estrutural, embora mantenha planos alternativos rodoviários e intermodais. “Nenhum projeto de mineração se sustenta sem uma logística eficiente”, pondera o executivo.

No campo social, a Brazil Iron admite ter aprendido com erros do passado. O diálogo com as comunidades foi ampliado e institucionalizado antes mesmo da licença prévia. “Criamos, há mais de dois anos, uma comissão de acompanhamento do empreendimento, algo que normalmente só existe depois da licença”, destaca Emerson. Segundo ele, a percepção nas cidades impactadas evoluiu de desconfiança para apoio. “A gente entendeu que, se o receptor não compreende a mensagem, a culpa é do emissor. Hoje a comunicação é muito mais efetiva”.

A parceria com a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) foi decisiva nesse processo de aproximação cultural e de incorporação da “baianidade” ao projeto. “De nada adianta pensar em desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental se não pensarmos primeiro nas pessoas”, resume Emerson, citando o presidente da CBPM, Antonio Carballal.

Mais do que um empreendimento minerário, o Ferro Verde se apresenta como um modelo de transição industrial e territorial, que combina inovação tecnológica, neutralidade de carbono e desenvolvimento local. “Um projeto bem-feito de mineração pode gerar impacto positivo, inclusive social e ambiental. É o que queremos provar na Bahia”, conclui Emerson das Neves. (Mara Fornari)

Fonte da publicação: Ferro Verde é aposta da Brazil Iron para descarbonizar a siderurgia